• A Existência dos Anjos
A) Conhecimento humano
Não há como o homem saber, a priori, se há no universo criaturas como os anjos. Isso porque o homem não possui informações para chegar a essa conclusão.
B) A revelação bíblica
A fonte confiável de informações sobre os anjos que possuímos é a Bíblia. O AT menciona os anjos mais de 100 vezes e o NT menciona-os 165 vezes. Há referência em 34 livros da Bíblia, estando entre eles os mais antigos (Gênesis e Jó) e o último a ser escrito (Apocalipse). O próprio Senhor Jesus enfatizou a existência dos anjos.
1) ANTIGO TESTAMENTO – No AT os anjos são apresentados como seres reais e não ilusórios. Abraão comeu e conversou com anjos (Gn 18). Um anjo executou juízo sobre Israel por causa da contagem do povo feita por Davi (2Sm 24.16). Isaías fez menção de serafins (Is 6.2) e Ezequiel, de querubins (Ez 10.1-3). Daniel mencionou Gabriel (Dn 9.20-27) e Miguel (Dn 10.13; 12.1). Os Salmos mostram como os anjos adoram a Deus e protegem seu povo (Sl 34.7; 91.11; 103.20).
2) NOVO TESTAMENTO – Os Evangelhos e Atos apresentam os anjos durante a vida de Jesus (Mt 2.19, Mc 1.13, Lc 2.13, Jo 20.12, At 1.10-11). Atos ainda mostra os anjos libertando os apóstolos (At 5.19; 12.5-11), direcionando Filipe e Cornélio (At 8.26; 10.1-7) e encorajando Paulo (At 27.23-25). São mencionados por Paulo (Gl 3.19; 1Tm 5.21), pelo autor de Hebreus (Hb 1.4), por Pedro (1Pe 1.12) e por Judas (Jd 6). O Apocalipse é repleto de menções a anjos.
3) ENSINO DE CRISTO – Além de ser servido no deserto por anjos, Jesus disse que no céu os crentes serão como anjos (Mt 22.30), que os anjos separarão justos e injustos no final dos tempos (Mt 13.39) e o acompanharão na sua segunda vinda (Mt 25.31). Além disso, uma das frequentes atividades no ministério de Jesus foi a expulsão de demônios, que são “anjos maus”.
• Criação e a Natureza dos Anjos
A) A REALIDADE DA CRIAÇÃO
Os anjos são seres criados (Sl 148.5). Eles não evoluíram, nem foram formados por geração natural, pois não podem se reproduzir (Mt 22.30).
Foram criados por Cristo, já que ele criou todas as coisas (Jo 1.1-3), inclusive os próprios anjos (Cl 1.16). Foram criados antes da Terra (Jó 38.4-7).
B) ESTADO ORIGINAL
1) Santos – Todos os anjos foram criados santos (Gn 1.31). Os anjos que não caíram e que continuam bons são chamados santos (Mc 8.38). São chamados “anjos eleitos” (1Tm 5.21), em contraste com os anjos maus que seguiram a Satanás em sua rebelião contra Deus (Mt 25.41).
2) Criaturas – Os anjos são criaturas, apesar de distintos de outras seres como o homem (1Co 6.3; Hb 1.14). Como toda criatura, têm limitações de poder, de conhecimento e de atuação (1Pe 1.11-12; Ap 7.1).
C) SÃO SERES PESSOAIS
Como seres pessoais, possuem inteligência, emoções e vontade. Isso é uma realidade tanto para os anjos bons como para os anjos maus. Eles possuem:
1) Inteligência (Mt 8.29; 2Co 11.3; 1Pe 1.12).
2) Emoções (Lc 2.13; Tg 2.19; Ap 12.17).
3) Vontade própria (Lc 8.28-31; 2Tm 2.26; Jd 6).
D) SÃO SERES ESPIRITUAIS
Os anjos bons são chamados de “espíritos ministradores” (Hb 1.14); os anjos maus, de “espíritos malignos ou imundos” (Lc 8.2; 11.24-26); e Satanás, de “espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2.2).
Sendo assim, são imateriais e incorpóreos, mas isso não os impede de aparecer ocasionalmente como seres humanos. Apareceram a homens em sonhos e visões (Mt 1.20; Is 6.1-8), em uma revelação especial da sua presença (2Rs 6.17) e também a pessoas e no seu estado normal, conscientes e acordadas (Gn 19.1-8; Mc 16.5; Lc 2.13).
Os anjos também são imortais (Lc 20.36). Contudo, os anjos maus serão punidos com o inferno e ficarão eternamente distantes de Deus (Mt 25.41; Lc 8.31).
• O Ministério dos Anjos
A) EM RELAÇÃO A DEUS
1) Eles o louvam (Sl 148.1-2; Is 6.3);
2) Eles o adoram (Hb 1.6; Ap 5.8-13);
3) Eles se regozijam com os seus feitos (Jó 38.6-7);
4) Eles o servem (Sl 103.20; Ap 22.9);
5) Eles se apresentam diante dele (Jó 1.6; 2.1);
6) Eles são instrumentos do juízo divino (Ap 7.1; 8.2).
B) EM RELAÇÃO AOS TEMPOS
1) Eles se reuniram para louvar a Deus quando a Terra foi criada (Jó 38.6-7);
2) Estavam envolvidos quando a lei mosaica foi entregue (Gl 3.19; Hb 2.2);
3) Estavam ativos na primeira vinda de Cristo (Mt 1.20; 4.11);
4) Estavam ativos durante os primeiros anos da Igreja (At 8.26; 10.3-7; 12.11);
5) Estarão envolvidos nos eventos relacionados à segunda vinda de Cristo (Mt 25.31; 1Ts 4.16).
C) EM RELAÇÃO AO MINISTÉRIO DE CRISTO
1) Em seu nascimento – Gabriel predisse o nascimento de Jesus (Lc 1.26-28) e um anjo anunciou o nascimento a alguns pastores e foi acompanhado por uma multidão de anjos (Lc 2.8-15);
2) Durante sua vida – Um anjo alertou José para que fugisse para o Egito (Mt 2.13-15), depois o orientou a voltar do Egito (Mt 2.19-21). Anjos ministraram a Jesus no deserto e no Getsêmani (Mt 4.11; Lc 22.43);
3) Após sua ressurreição – Um anjo rolou a pedra do sepulcro (Mt 28.1-2), anjos anunciaram a ressurreição para as mulheres (Mt 28.5-6) e anjos estavam presentes na ascensão de Jesus (At 1.10.11);
4) Na segunda vinda de Jesus – A voz do arcanjo será ouvida no arrebatamento da Igreja (1Ts 4.16) e anjos acompanharão Jesus (Mt 25.31, 2Ts 1.7).
D) EM RELAÇÃO AOS ÍMPIOS
1) Anunciam os juízos iminentes (Gn 19.13; Ap 19.17-18);
2) Infligem o juízo divino (At 12.23; Ap 16.1);
3) Irão separar justos de injustos no fim dos tempos (Mt 13.39-40).
E) EM RELAÇÃO À IGREJA
1) Seu ministério básico é servir os salvos (Hb 1.14);
2) Levam as respostas das orações (At 12.5-10);
3) Ajudam nos esforços evangelísticos dos cristãos (At 8.26; 10.3);
4) Observam as experiências, o trabalho e os sofrimentos dos cristãos (1Co 4.9; 11.10; Ef 3.10; 1Pe 1.12);
5) Encorajam nas horas de perigo (At 27.23-24);
6) Ministram aos justos na hora da sua morte (Lc 16.22).
• Os Demônios
A) NATUREZA IMORAL
Os demônios são chamados de “espíritos imundos” (Mt 10.1), “espíritos malignos” (Lc 7.21), “espírito de demônio imundo” (Lc 4.33), “forças espirituais do mal” (Ef 6.12).
B) PODERES
1) Força – Às vezes, os demônios podem exibir força sobre-humana ao possuírem corpos humanos. O endemoninhado gadareno quebrava suas cadeias e grilhões (Mc 5.3) e os filhos de Ceva foram espancados por um homem possesso (At 19.16).
2) Inteligência – Não são oniscientes, mas têm grande inteligência, conhecimento e astúcia (Mc 1.24; Mt 8.29; 2Co 2.11).
3) Presença – Eles não são infinitos, mas limitados. Apesar de o seu grande número dar a impressão de que são onipresentes, isso não é verdade, pois cada um ocupa apenas um lugar de cada vez (Jó 1.7; 2.2; Mt 8.31-32).
C) EM RELAÇÃO A SATANÁS
Os demônios agem como emissários de Satanás para alcançar seus propósitos de atrapalhar os planos de Deus. Quando esses demônios atuam, o fazem de tal forma que temos a impressão de que Satanás em pessoa é que está agindo (Ef 6.11-12).
D) EM RELAÇÃO A DEUS
1) Opõem-se ao plano de Deus (Dn 10.10-14; Ap 16.13-16).
2) Podem ser usados para cumprir os propósitos de Deus (Jz 9.23; 1Sm 16.14; 1Rs 22.22; 2Co 12.7).
E) EM RELAÇÃO À RELIGIÃO
1) Promovem a idolatria – Isso aconteceu no tempo do AT (Lv 17.7; Dt 32.17; Sl 106.36-38), continua acontecendo (1Co 10.20) e acontecerá nos dias da Tribulação (Ap 9.20).
2) Promovem uma falsa religião – Fazem isso ensinando que o sacrifício do Salvador não valeu nada (1Jo 4.1-4) e que a salvação é obtida por obras (1Tm 4.3-4), além de ensinar uma ética libertina (Ap 2.20-24).
F) EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS
1) Aflição – Podem causar doenças físicas (Mt 9.33; 12.22; 17.15-18) e distúrbios mentais (Mc 5.4-5; 9.22). Apesar disso, a Bíblia faz distinção entre doenças naturais e as causadas por demônios (Mt 4.24; Mc 1.32,34; Lc 7.21; 9.1).
2) Perversão – Os demônios desejam perverter as pessoas. Para isso, às vezes promovem um sistema doutrinário e um estilo de vida aparentemente benéficos para o ser humano (1Tm 4.1-3). Outras vezes, o mal e atividades impuras (Dt 32.17; Sl 106.37-39).
3) Possessão – É o controle direto de um ou vários demônios sobre uma pessoa quando se apossam dela. Várias consequências são relatadas, como mudez, cegueira e convulsões (Mt 9.32; 12.22; Lc 9.39), tentativas de autodestruição (Mc 5.5; Lc 9.42) e forças ocultas (At 16.16-18).