A Identidade do Espírito Santo
• A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo não é uma força, uma energia cósmica ou a personificação do poder de Deus. Ele é uma “pessoa”, a terceira pessoa da Trindade. A Bíblia é generosa em apontar essa realidade:
A. O Espírito Santo possui atributos pessoais
1) É inteligente (Rm 8.27 e 1Co 2.10,11,13);
2) Tem emoções (Ef 4.30);
3) Tem vontade própria (At 16.6-11 e 1Co 12.11).
B. O Espírito Santo tem atitudes de uma pessoa
1) Convence do pecado (Jo 16.8);
2) Guia os crentes à verdade (Jo 16.13);
3) Realiza milagres (At 8.39);
4) Intercede pelos crentes (Rm 8.26).
C. O Espírito Santo recebe atribuições que somente uma pessoa poderia receber
1) Deve ser obedecido (At 10.19-21);
2) Pode-se mentir a ele (At 5.3);
3) Pode ser resistido (At 7.51);
4) Pode ser entristecido (Ef 4.30);
5) Pode ser ultrajado (Hb 10.29).
D. O Espírito Santo se relaciona de modo pessoal com outras pessoas
1) Com os apóstolos (At 15.28);
2) Com Jesus (Jo 16.14);
• A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo não é apenas uma pessoa. Ele também é Deus.
A. O Espírito Santo possui nomes divinos
1) Espírito de Deus (1Co 6.11 e 2Co 3.3);
2) Espírito de Cristo (At 16.7 e Rm 8.9).
B. O Espírito Santo possui atributos divinos
1) Onisciência (Is 40.13; 1Co 2.12);
2) Onipresença (Sl 139.7);
3) Onipotência (Jó 33.4 e Sl 104.30).
C. O Espírito Santo realiza obras divinas
1) Foi o autor da concepção virginal (Lc 1.35);
2) Foi o agente da inspiração das Escrituras (2Pe 1.21);
3) Estava envolvido na criação (Gn 1.2).
A Habitação do Espírito Santo no Crente
A partir do Pentecostes, o Espírito Santo tem uma atuação peculiar na Igreja de Cristo. As ações são descritas nas páginas do Novo Testamento.
• AS PESSOAS HABITADAS
A. O Espírito Santo habita em “todos os crentes” (Jo 7.37-39; At 11.16,17; Rm 5.5; 1Co 2.12; 2Co 5.5; Ef 1.12-14; 1Pe 1.1,2; e 1Jo 4.13). Essa habitação também é chamada de “unção” (Gr. χρῖσμα, “crisma” - 1Jo 2.20,27 cf. Jo 14.26);
B. A ausência do Espírito Santo em uma pessoa é um sinal obrigatório da sua incredulidade e da ausência de salvação (Rm 8.9; Jd 19 cf. 1Co 2.14 – a palavra “sensual” de Jd 19 é a mesma de 1Co 2.14 “natural”, Gr. ψυχικὸς);
C. Mesmo cristãos em pecado desfrutam a habitação do Espírito Santo (1Co 6.18-20; ver 1Co 5.5). Em nenhum caso o Espírito Santo deixa de habitar o crente (Ef 4.30 cf. Jd 24);
D. A habitação do Espírito Santo nos crentes atua como um “selo”, uma marca de propriedade que comprova que os que foram salvos pertencem a Deus (2Co 1.22 e Ef 1.13).
• A CRONOLOGIA DA HABITAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
A. O momento em que o crente é selado com o Espírito, ou seja, recebe a habitação do Espírito Santo é a “conversão”. Quando alguém crê em Cristo e é justificado por Deus, imediata e obrigatoriamente é habitado pelo Espírito (At 2.38 e 2Co 1.21,22);
B. O tempo de duração da habitação do Espírito Santo no crente coincide com o tempo total até o final da vida daqueles que serão redimidos da existência em meio ao pecado (2Co 5.4,5; Ef 4.30 e 2Ts 2.13,14).
• OS EFEITOS DA HABITAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
A. O fato de o Espírito Santo habitar naqueles a quem ele regenera produz alguns efeitos:
1) Segurança – O Espírito Santo foi dado como um “penhor”, ou seja, uma “garantia”. Sua habitação é a segurança de que a promessa de que Deus há de efetivar a obra que iniciou em nós (Ef 1.13,14 cf. Fp 1.6; Cl 1.21,22);
2) Purificação – A presença do Espírito Santo no crente, além de efetivar uma influência positiva na edificação e na santificação (Jo 14.26; 16.13 e Gl 5.25), também inibe atos de pecado (1Co 6.15-20 e Ef 4.30).
Os Dons Espirituais
• O QUE SÃO
Uma tarefa importante do Espírito Santo em relação à igreja de Cristo é a “concessão de dons espirituais”.
Dons espirituais são habilidades especiais dadas pelo Espírito Santo aos crentes com a finalidade de edificar a igreja por meio do “serviço” (1Co 12.7). Os dons são vários (1Co 12.4,5) e são distribuídos segundo a vontade de Deus (1Co 12.11).
• O QUE NÃO SÃO
É necessário fazer alguns alertas sobre características que os dons espirituais “não têm”:
A. Não depende do lugar onde é usado. O dom pode ser usado dentro ou fora da igreja e em qualquer lugar do mundo;
B. Não é um cargo. As habilidades advindas do dom não dependem de um cargo, mas também não conferem um cargo automaticamente;
C. Não visa a um grupo específico. Ninguém tem dom para trabalhar com crianças, jovens ou idosos, nem dom para pregar a índios ou moradores de rua. Os dons podem ser aplicados no trabalho com qualquer grupo;
D. Não é uma técnica especial. Não há dons espirituais de escrever ou de tocar um instrumento. Essas coisas são técnicas por meio das quais se podem usar os dons.
• A DISTRIBUIÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS
A. São distribuídos pelo Cristo ressurreto e glorificado (Ef 4.11);
B. São distribuídos pelo Espírito Santo segundo sua vontade (1Co 12.11,18);
C. São distribuídos a todos os cristãos (1Pe 4.10);
D. São distribuídos ao Corpo de Cristo como um todo (1Co 12.12-27).
• A DESCRIÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS
Apesar de se defenderem diversas listas de dons (umas maiores, outras menores), a lista abaixo engloba os que são discutidos como “dons espirituais”:
A. Apostolado (1Co 12.28; e Ef 4.11);
B. Profecia (Rm 12.6; 1Co 12.10; e Ef 4.11);
C. Milagres (1Co 12.28) e Curas (1Co 12.9,28,30);
D. Línguas (1Co 12.10);
E. Evangelismo (Ef 4.11);
F. Pastorado (Ef 4.11);
G. Serviço (Rm 12.7; 1Co 12.28);
H. Ensino (Rm 12.7; 1Co 12.28);
I. Fé (1Co 12.9);
J. Exortação (Rm 12.8);
K. Discernimento de espíritos (1Co 12.10);
L. Misericórdia (Rm 12.8);
M. Contribuição (Rm 12.8);
N. Administração (Rm 12.8; e 1Co 12.8);
O. Sabedoria e conhecimento (1Co 12.8).
• RESSALVAS
A. Os dons do apostolado e da profecia ficaram restritos ao tempo da fundação da igreja (Ef 2.20). Na verdade, o grupo dos apóstolos foi restrito a apenas 12 homens (Ap 21.14). Esses dons cessaram.
B. O dom de línguas teve seu uso entre a vinda do Espírito Santo (At 2.4) — após Jesus ter efetivado sua obra por meio da rejeição dos judeus — e a destruição de Jerusalém em 70 A.D. Nesse sentido, o dom agiu como um sinal aos incrédulos do juízo que recairia pela incredulidade e desobediência (1Co 14. 21,22 cf. Dt 28.49). Assim, esse dom cessou.
C. Nenhuma menção ou inferência há sobre a cessação dos dons de cura e milagres, mas certas considerações devem ser feitas à luz das afirmações contemporâneas sobre eles. Esses prodígios serviram de sinais de identificação e validação dos ministérios de Jesus (Lc 7.18-22) e dos apóstolos (2Co 12.12 cf. Rm 15.18,19). Desse modo, ainda que esses dons possam ter continuado em uso, eles não podem superar a frequência e o impacto do mesmo dom nos ministérios de Jesus e dos apóstolos, caso contrário, eles não seriam credenciais de nada para eles. Portanto, quando Jesus diz “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará” (Jo 14.12) deve-se compreender a abrangência da missão com qual a igreja foi comissionada, de, recebendo poder, expandir a mensagem do Evangelho a todo mundo (At 1.8).
A Plenitude do Espírito Santo
É muito comum pessoas e igrejas confundirem a plenitude do Espírito Santo com o batismo com o Espírito Santo. Obviamente, tal confusão abre um leque de outras confusões e desacertos, tornando o estudo do assunto algo fundamental para a igreja que quer servir a Deus.
• O CONCEITO DE ESPIRITUALIDADE
O texto de 1Co 2.15 revela que há um nível espiritual no homem de Deus que produz uma atitude prática: “Julgar todas as coisas”. Essa breve descrição demonstra que tal espiritualidade advém da maturidade no relacionamento com Deus (Rm 12.1,2).
Assim, a espiritualidade requer pelo menos três coisas:
a) Regeneração;
b) Atuação de Deus;
c) Tempo para crescimento e amadurecimento.
O Espírito Santo tem participação fundamental nesse processo:
a) Ele concede discernimento sobre a Palavra e a vontade de Deus (Jo 16.12-15).
b) Ele direciona as orações de acordo com a vontade de Deus (Rm 8.26; Ef 6.18).
c) Ele concede dons espirituais para a edificação dos crentes (1Co 12.7).
d) Ele auxilia na luta contra a carne e contra o pecado (Rm 8.13; Gl 5.16,17).
• A PLENITUDE
Tendo em vista a obra do Espírito Santo no aumento da maturidade espiritual dos crentes, entendemos que a “plenitude do Espírito Santo” é a atuação dele no sentido de tornar o crente controlado por Deus. As Escrituras chamam tal experiência de “estar cheio do Espírito” (Lc 1.15,41,67; At 2.4; 4.8,31; 9.17; 13.9).
Enquanto o batismo e o selo do Espírito Santo são realidades permanentes, a plenitude é algo ocasional10 e pode se repetir várias vezes (At 2.4; 4.8,31 – note-se que a descontinuidade da plenitude, nesse exemplo, não se deveu a pecado). Apesar de a plenitude do Espírito ser uma atividade divina, Paulo deixa claro que há condições na vida do crente para que ela aconteça (Ef 5.18).
• AS CARACTERÍSTICAS DA PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
a) Produção de um caráter semelhante ao de Cristo (Gl 5.22,23).
b) Envolvimento evangelístico (At 2.4,41; 4.31; 5.14; 6.3,7; 11.24).
c) Adoração, louvor, ação de graças, submissão (Ef 5.19-21).
• COMPARATIVO: BATISMO E A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
Batismo | Plenitude |
Ocorre somente uma vez na vida. Jamais ocorreu antes do dia do Pentecostes. Necessário para todos os cristãos. Não pode ser desfeito. Resulta em “posição”. Ocorre quando cremos em Cristo. Não há pré-requisitos (exceto fé em Cristo). |
É uma experiência repetida. Ocorreu no Antigo Testamento. Não é necessariamente experimentada por todos os cristãos. Pode ser perdida. Resulta em “poder”. Ocorre ao longo da vida cristã. Depende da submissão a Deus. |